Campinas - SP
Casamento além da vida: um amor que recomeça entre lápides.

Casamento entre Healing e Heryck ocorreu na manhã de domingo, um ponto de força no terreiro de Rosa Caveira, mãe de santo, organizado na última hora.
Até que a morte os separe. Essa frase é um clichê em muitos livros, contos e filmes. É só esperar pelo último capítulo da novela para ouvi-la na união entre os protagonistas. Mas o que acontece quando o casamento vai além do que os outros consideram o fim? Em Sumaré (SP), um casal escolheu o que pode ser considerado o ‘ponto final’ das relações ‘tradicionais’ para marcar o início de sua história de amor.
No entanto, para esse casal, o casamento não é apenas uma formalidade, mas sim uma celebração da união entre duas pessoas que escolheram passar a vida juntas. O matrimônio é visto como uma oportunidade para fortalecer o vínculo entre eles e criar uma vida juntos. Eles estão prontos para enfrentar os desafios que vêm com o casamento. Com a promessa de amor e lealdade, eles estão preparados para construir uma vida feliz e plena, juntos, como um casal unido.
O Casamento no Cemitério: Uma União Única
No último domingo (3), o casal Heryck e Healing disse ‘sim’ um ao outro em uma cerimônia inusitada no Cemitério da Saudade. A noiva, mãe Healing, de 38 anos, explicou que o local foi escolhido por ser um lugar onde ela se sente em casa. ‘Eu já me sinto bem ali. Uns dizem que é o fim, que é um lugar de tristeza. Eu não, eu já me sinto bem. Pra mim, o cemitério é onde a gente recomeça. Então a morte não é o fim, é um recomeço’, disse.
A cerimônia foi organizada de última hora, na noite de quarta-feira, e contou com cerca de 30 convidados. O preto e o vermelho foram as cores predominantes na cerimônia, principalmente no vestuário dos noivos. No altar, as imagens de Rosa e Exu Caveira, entidades que regem o terreiro Rosa Caveira e Maria Padilha, que o casal comanda em Hortolândia (SP).
‘São os nossos guardiões. O ponto de força, que é o cemitério, é o ponto deles, né? Na nossa religião, isso é muito importante. Eu tenho a mania de dizer assim: quando eu tô me sentindo morta, eu vou no cemitério pra me sentir viva. Porque ali é onde eu sinto a força da minha entidade de frente, né?’, explicou Healing.
A Cerimônia e a União
Quem comandou a cerimônia cercada por lápides foi Jhefrey, de 19 anos, filho de Healing, e pai de santo do terreiro. O jovem seguiu o roteiro que havia preparado, mas deixou a emoção aflorar em muitos momentos. Em cerca de 15 minutos, sempre acompanhados pelo som do atabaque e cantos, Heryck, de 36 anos, e Healing, trocaram os votos e formalizaram a união na religião que seguem – o casamento civil está marcado para dia 13.
Durante a cerimônia, o casal enfatizou o termo ‘umbanda independente’ para explicar a linha de trabalho do terreiro que eles comandam, e para justificar a escolha pelo cemitério, as cores e tudo mais que acompanhou o casamento. ‘A diferença que eu coloco é porque a maioria das pessoas que casam na umbanda eles procuram casar de branco, em cachoeira e tal, né? E dentro de mim tinha essa vontade de casar de preto e dentro do cemitério, porque como eu sou filha de Rosa Caveira, então a minha essência é muito esse lado’, disse a noiva.
A Vida de uma Mãe de Santo
Healing, que também marca presença nas redes sociais como ‘rainha da feitiçaria’, conta que sempre mexeu com magia, e que costuma compartilhar o dia a dia de uma mãe de santo e também ensinar magias aos seguidores, além de captar contatos para trabalhos espirituais. ‘O que viraliza mesmo são os ensinamentos de simpatia. Eles gostam muito disso. Aí através disso vem pedido de trabalho. Porque tem gente que tem medo de mexer com a espiritualidade. Então eles vem e chamam no particular, e pedem por esses trabalhos. [Em sua maioria] trabalhos amorosos, aberturas de caminho, trabalhos de separação. Principalmente separação e amarração amorosa’, diz.
Fonte: @ G1