Cuiabá - MT
Incêndios devastam São Félix do Xingu (PA): o epicentro da crise ambiental que assola o Brasil há três semanas.

Fumaça afeta rotina em cidade na Amazônia paraense, desencadeadas crises respiratórias constantes devido a queimada de faixa de terra sem vegetação.
No período de 1º a 7 de setembro, São Félix do Xingu, no Pará, liderou o ranking de cidades com mais incêndio no Brasil, com um total de 1.819 focos de incêndio. Esse número é resultado dos dados coletados pelo programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Essa alta incidência de incêndio no município é preocupante, pois pode causar danos irreparáveis ao meio ambiente e à população local. Além disso, a queimada descontrolada pode se espalhar rapidamente, gerando chamas intensas e fogo de difícil controle. É fundamental que as autoridades tomem medidas para prevenir e combater esses incêndio e proteger a região.
Incêndio Devasta Região do Pará
A cidade de São Félix do Xingu, no Pará, lidera o ranking de focos de incêndio no país, com 1.598 registros, seguida por Altamira, com 1.598 focos, e Novo Progresso, com 1.161. O levantamento foi realizado entre 11 de agosto e 7 de setembro, considerando a classificação do Inpe, que destaca as cidades com ao menos 30 focos em cada período de sete dias.
A vida em São Félix do Xingu, com 65 mil habitantes e 84 mil quilômetros quadrados de área, tem sido afetada pela fumaça constante, que tem causado problemas respiratórios e crises desencadeadas em escolas e comunidades rurais. A situação se arrasta há semanas, segundo Kríssia Evangelista, secretária-geral da Escola Municipal de Ensino Fundamental Pássaro Azul. ‘Está insustentável’, afirma ela, que tem preparado atividades para serem feitas a distância devido aos avisos de pais que preferem manter os filhos em casa.
Kríssia trabalha em um projeto esportivo e afirmou que, na volta de um campeonato de futebol no último fim de semana, viu o fogo se aproximar da estrada no Xadá, área na zona rural da cidade. ‘Era queimada de um lado e do outro, uma fumaça insuportável e calor’, descreve. A região foi visitada pelo padre Danilo Lago, da Comissão Pastoral da Terra, que tem acompanhado os assentados no cálculo dos estragos.
Impacto na Produção de Cacau
Grande parte das famílias na região vive da produção de cacau. ‘E quando o cacau pega fogo é um desastre. É difícil parar. Falta prevenção, fazer aceiro [faixa de terra sem vegetação] e limpar beira de estrada’, afirma Lago. No assentamento do Casulo, segundo Lago, foram 40 famílias afetadas — metade dos assentados —, dez delas de forma grave. ‘Estamos nos mobilizando para doar cesta básica, mas isso dura uma semana. E depois? São muitas famílias que vivem do cacau, que para produzir de novo leva três anos.’
O governo federal e o governo do Pará não responderam aos pedidos de comentário até a publicação deste texto. Entre os estados, é Mato Grosso que tem a maior quantidade de focos de incêndio no período, segundo o levantamento do Inpe. De acordo com a gestão Mauro Mendes (União Brasil), o estado enfrenta atualmente a maior seca dos últimos 44 anos, altas temperaturas, baixa umidade e ventos intensos, que favorecem a propagação das chamas.
Resposta do Governo
O Governo de Mato Grosso afirma que um terço dos focos de incêndio foi registrado em terras indígenas, de responsabilidade federal. O estado diz que tem atuado também nesses territórios e que tem parceria com as prefeituras, mas afirma ter pedido diversas vezes mais apoio de agências federais. Questionado também sobre isso, o Ministério do Meio Ambiente do governo Lula (PT) não respondeu.
Fonte: @ Folha de São Paulo | UOL